domingo, 10 de agosto de 2008

CARBONÁRIA - O Exército Secreto da República



Publicações Alfa, 1990 - 2ª edição
Prefácio de Raul Rego - Ver Aqui












Editora Perspectivas & Realidades, 1984 - 1ª edição
APRESENTAÇÃO«Portugal 1910. A revolução republicana está na rua. Como foi, como se chegou a este dia, como se conseguiu derrubar um regime secular. Quem lutou, quem na hora da verdade não desistiu do combate, quem organizou com êxito a mais importante revolução da História de Portugal.Estas e outras situações podem ser compreendidas com a leitura de "Carbonária - O Exército Secreto da República", que, sem sombra de dúvida, vem colmatar uma inexplicável brecha existente na bibliografia histórica sobre aquela que foi a mais poderosa associação secreta constituída em Portugal.»

EXTRACTO
«Para conseguir penetrar nos meandros da Carbonária, a Polícia deitava mão a todos os expedientes possíveis e imaginários. Disfarçados de padres, de mendigos, de moços de esquina, ou de qualquer outra figura que se prestasse à encenação, os polícias escutavam às portas espreitavam às janelas, farejavam nas esquinas e faziam tudo para deitar a luva aos carbonários.
O célebre juiz de Instrução Criminal Emílio de Almeida Azevedo, — ele próprio ex-maçon alcunhado de irmão Hoche por ter sido este o nome escolhido aquando da sua iniciação numa loja maçónica de Coimbra —, bem se esfalfava todo na luta contra as associações revolucionárias, mas nem ele nem os seus esbirros, que pululavam por essa Lisboa fora, conseguiam fazer grande mossa nas chefias das sociedades secretas.
Também que outra coisa era de esperar de um juiz que tinha como braço direito um agente de nome Branco, que frequentava a tavolagem na Rua das Madres, propriedade de alguns colegas seus da Judiciária?
A maior parte dos carbonários detidos pertencia a um único agrupamento — a barraca do Alto de Pina, núcleo aguerrido e numeroso, mas que não era lá muito ortodoxo nas suas regras de sigilo e de segurança.
Dado o segredo que envolvia a actividade da Carbonária, era difícil conhecer os seus membros e muito menos os seus chefes, que só depois da implantação da República veio a saber-se ao certo quem eram.
Nos livros que publicou depois da queda da Monarquia, de que foi o último presidente do Conselho, Teixeira de Sousa afirma o seguinte: «Da Carbonária não tive informação correcta. Quando entrei no Governo, o Juízo de Instrução Criminal tinha organizado um processo acerca de alguns implicados no delito das associações secretas. Conheceu-se alguma vez a sua organização? Nunca. E a prova está em que não eram conhecidos da Polícia os seus dirigentes e propagandistas, nenhum dos que se viram com essa qualidade depois da revolução. Era tão incompleto o conhecimento que havia do assunto que, adoptando a designação de associações secretas, se fez crer que havia pelo menos mais do que uma. Nada disso. Só depois de 5 de Outubro se soube que a associação revolucionária era a Carbonária, tendo como seu comité dirigente a Alta Venda, de que a Polícia nunca teve conhecimento.»
A Polícia tinha informação de que havia numerosos grupos revolucionários e depósitos de armas, mas ignorava onde existiam e as suas informações eram silenciosas quanto aos indivíduos [...]. Não se fizeram mais prisões porque isso somente serviria para acirrar as paixões, sendo inútil como defesa do regime. A Polícia supunha que eram oito ou dez mil os associados. Prender cinco ou dez apenas serviria para que os restantes apressassem a conspiração.»
Mais tarde, Luz de Almeida virá confirmar que a Polícia ainda tinha muito que «aprender» para chegar ao ponto de fazer grande abalo à organização carbonária: «Prenderam-se, é certo, algumas dezenas de bons primos», indica o grão-mestre carbonário, «mas que importância tinha isso numa associação de muitos milhares de indivíduos? À data da minha expatriação estavam inscritos nos vários livros de registos da ordem cerca de 34 mil agremiados, número que, até à proclamação da República, se tinha elevado a mais de quarenta mil. Admitindo que se prendiam mil, ainda restavam trinta e três mil.»
Agindo em completo segredo e com todas as cautelas, a Carbonária tornava-se um osso duro para a Polícia roer. Ainda por cima, não tinha lá muita sorte com as deserções e denúncias, que nas fileiras da C. P. eram nulas ou de reduzido alcance, quando de longe em longe se produzia alguma.
Uma ou outra provocação de baixo nível era o muito que a Polícia conseguia produzir contra os suspeitos de dirigirem as associações secretas.

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